Aqui é onde um escritor, historiar, biólogo e viajante relata coisas de dois mundos. Conheça Kndarin, o mundo criado por mim, e coisas do nosso planeta Terra. Se quiser ver o conteúdo via Instagram, acesse @descrevendo_mundos Canal do Youtube: https://www.youtube.com/channel/UC1ZrCz0G4ekkOPDPc2Afl3A

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Conhecimento x Informação

Essa postagem surgiu de uma conversa que tive com um amigo no ônibus. Ele estava pensando como o conhecimento dos mais velhos (ou até o "conhecimento tradicional") não é mais útil ao modo de vida atual, quando basta um clique para "sabermos" das coisas. Um exemplo discutido foi o "saber se vai chover".

Para saber se em determinado dia vai chover, não é necessário o conhecimento de alguém mais antigo. Ora, basta entrar na internet que ela dá o volume de chuva, a temperatura atmosférica e a direção do vento. Portanto, o conhecimento dos mais velhos tornou-se obsoleto e praticamente inutilizado.

Outro exemplo exposto foi o do avô do meu amigo. Segundo ele, as habilidades comerciais do seu avô e seu conhecimento das rotas de comércio (quando e onde determinada "carga" vai chegar) atualmente também é inútil. Ele disse que "no tempo do vô se fazia comércio com carroça e agora é com caminhão e por outras rotas". Também, disse que "antes o vô sabia comercializar bastante e agora parece que ele não sabe nada, porque tá tudo diferente do tempo dele".

Atualização


Já que o contexto muda, o conhecimento sobre determinado assunto também pode mudar. A mudança é uma constante no mundo e a Ciência é a prova da alteração do conhecimento humano. Não que o conhecimento seja a verdade, mas ele é uma interpretação mais coerente de processos e eventos, bem como o saber-da-existência-de.

No caso do avô do meu amigo, o conhecimento que ele tinha das rotas comerciais se tornou inutilizado, mas não inútil. Como o contexto mudou (antes usava-se carroças e agora veículos automotores), outras relações também podem ter mudado. Se o avô do meu amigo não acompanhou a mudança, procurando entendê-la, seu conhecimento tornou-se obsoleto, mas -- repito -- não inútil. Aí está a resistência ao novo, resistência ao diferente. E essa resistência, se não for bem "manejada", pode se tornar perigosa.

Conhecimento cimentado


Também chamado de "conhecimento engessado". É aquele conhecer que não está aberto ao novo, nem mesmo à flexibilidade. O maior problema disso é que o conhecimento "velho" não contribui ou pouco contribui ao novo, não havendo uma forma mista de saber, mas uma substituição muitas vezes violenta.

Isso acontece por duas vias: 1) o conhecimento engessado pode ser substituído por outro e cair no completo esquecimento ou, 2) se as pessoas que detém o conhecimento engessado são de índole dominadora, ele é imposto a outra cultura como sendo "certo" e a "verdade".

Nessa imposição de conhecimento, uma determinada população pode se sentir "perdida" e com a vivência incoerente, uma vez que seu conhecimento engessado e imposto não dá explicação sobre o lugar onde vive. Exemplo disso é o próprio Brasil, onde o conhecimento de origem europeia difundido na cultura brasileira faz a população do país não entender o próprio ambiente em que vive. Além disso, esse conhecimento (que está ligado aos valores de um povo) gera todo o tipo de preconceito para com povos culturalmente diferentes, atribuindo-lhes falta de instrução ou ignorância; ou seja, atribui-se a eles um conhecimento "errado", consideração do qual a própria Ciência é cúmplice.

"Quando estávamos guerreando, também disseram que deveríamos escolher um lado. Mas não escolhemos lado algum. Lutamos por nós mesmos. E agora poderemos fazer isso!" (Peixoto, D. V. Bando sem marca. Passo Fundo: Méritos, 2015, p. 35)

Informação


O que grande parte da população humana tem atualmente é um conhecimento imposto e muita informação. Creio que há mais informação que conhecimento, e que ela está o substituindo. A internet é exemplo típico disso: geralmente busca-se informação, como quando se deseja ver a previsão do tempo.

Você deve estar se perguntando: qual a diferença entre o conhecimento e a informação? Então, vou explicar, segundo a minha observação.

Como o próprio nome já diz, a informação informa. É como quando você lê ou assiste a um jornal: há informações (parciais) sobre os acontecimentos do mundo e você fica sabendo cada fato. Entretanto, saber o que acontece ou aconteceu não significa entender sobre os acontecimentos. É quase como fazer uma prova onde se decora o conteúdo: você não entende o conteúdo, apenas se apossou de informações para ir bem na prova. Depois que a prova passa, geralmente se esquece ou não tem argumentos para discutir o conteúdo.

Através do conhecimento se entende os processos que criam as informações, mesmo que as próprias informações baseiem um conhecimento quando forerelacionadas, raciocinadas e devidamente criticadas. Por isso, o conhecimento do avô do meu amigo se tornou inutilizado, pois ele explica processos que aconteceram, mas não que acontecem. Entretanto, esse conhecimento inutilizado pode ser útil algum dia, quando o contexto mudar ou for preciso agregar outros conhecimentos para se criar um novo. Além disso, o conhecimento antigo (como do tal avô) pode servir como alternativa frente aos conhecimentos (e valores) impostos pela globalização. E aí está a importância do conhecimento dos povos tradicionais que, ao meu ver, está mais aberto ao novo do que o conhecimento baseado em publicações científicas, museus e o Movimento Tradicionalista Gaúcho.

Concluindo...


Por fim, para exemplificar melhor, retorno ao exemplo do "vai chover". Na informação se sabe que chove ou não em tal dia. No conhecimento se entende o porque chove e o que faz chover. Portanto, conhecer sobre os fatores climáticos e pluviométricos faz o indivíduo adquirir (e criar) a informação se vai chover ou não.

O meu amigo disse então: "mesmo assim, é mais fácil olhar na internet que entender a chuva". De certa forma é mais fácil. Entretanto, isso limita o indivíduo, que precisará de internet para prevenir acontecimentos e saber das coisas. Ainda prefiro ter conhecimento, pois onde quer que eu vá ele estará junto e não precisarei de um fator externo (internet, jornal e televisão) para saber das coisas. Além de que, dependendo da informação, ela foi manipulada para você acreditar na explicação (muitas vezes superficial) de outra pessoa.

Receber informações sem uma crítica do que está por trás dela e o porque ela está circulando demonstra tendência em ser manipulado. Pessoas acomodadas fazem isso, ainda mais nos tempos de Facebook: compartilham informações como verdades, sem a devida crítica ou conhecimento do motivo de tal informação estar em circulação.

Receber informações e considerá-las verdades, especialmente da mídia, é ter os sentimentos e considerações manipuladas. É deixar de pensar e criticar, deixar de perceber que aquilo pode não ser "aquilo". Então, que tal mais conhecimento(s)? Bora estudar, observar e criticar o que quiser... Inclusive esse texto. ;)

"... os novos conhecimentos não são considerados verdade absoluta, pois são apenas uma interpretação da realidade". (Peixoto, D. V. Bando sem marca. Passo Fundo: Méritos, 2015, p. 249)

sábado, 15 de agosto de 2015

O peculiar Tucum

A sociedade proposta no livro Bando sem marca valoriza a biodiversidade das regiões onde ela está inserida. Nessa valorização há manutenção e utilização de "espécies nativas" para alimentação. Então, por que não se alimentar de frutos nativos?

"Repentinamente, Dãxk saiu sorridente da escuridão, segurando um cacho grande de frutos amarelos." (Bando sem marca, p. 82)


A palmeira Bactris setosa, popularmente conhecida como Tucum, Tucunzeiro ou Uva-do-mato, ocorre naturalmente na Mata Atlântica e partes do Cerrado, indo do Piauí ao Rio Grande do Sul. O tucum atinge cerca de 4 metros de altura, possui caule em toiceiras (cespitoso) e espinhos no caule, nas folhas e nas brácteas ("canoa" que fica logo acima do cacho de flores/frutos).


Detalhe para os espinhos no caule do Tucum.
(Foto: Dilson Vargas Peixoto, 2015)
Palmeira Tucum. Bairro Ponta das Canas, Florianópolis.
(foto: Dilson Vargas Peixoto, 2015)

As inflorescências geram frutos ovoides de 2 cm de diâmetro em média. Os frutos maduros têm coloração marrom-escuro ou negro-arroxeado.  A frutificação ocorre no verão, embora tenha encontrado frutos em pleno inverno em Florianópolis - SC. Os frutos são dispostos em forma de cachos semelhantes a uvas (daí o nome "uva-do-mato").

Cacho de frutas de Tucum. Florianópolis - SC
(Foto: Dilson Vargas Peixoto, 2015)

O tucum é parente da Pupunha (Bactris gasipaes), famosa palmeira de fruto saboroso e muito apreciado na região norte do Brasil. Como a pupunha, o fruto do tucum é comestível, embora seja menor e tenha menos polpa.

A pequena polpa branca do tucum é adocicada. A semente tem o endocarpo (casca) preto e o endosperma (interior) branco. Esse endosperma também é comestível e seu gosto lembra o Coco-da-praia (Cocos nucifera).


Frutos de Tucum. Da esquerda para direita:
1) fruto com casca; 2) fruto sem casca aparecendo a polpa; 3) semente com endocarpo escuro; 4) semente quebrada mostrando endosperma branco (coquinho).
(Foto: Dilson Vargas Peixoto, 2015)

O tucum é mais uma opção para quem gosta de alimentos alternativos, vive pelas matas ou deseja uma alimentação mais "orgânica". Além disso, segundo Dourado (2013), o tucum tem alto potencial antioxidante se comparado a outros alimentos.

Como o tucum é uma espécie nativa do Brasil, há mais uma justificativa para preservarmos as matas e essa fabulosa palmeira, valorizando o potencial e benefícios das espécies selvagens no cotidiano. Portanto, uma sociedade mais sustentável é aquela cujos

... "cultivos diferirão de uma região para outra. (...) A preferência será por espécies que ocorrem na região." (Bando sem marca, p. 232)

Dados sobre a planta
Família: Arecaceae
Nome científico: Bactris setosa
Período de frutificação: conforme observações, pode variar, podendo ser no inverno ou início do verão.
Drenagem do solo: pode ocorrer tanto em solos que são alagados parte do ano ou em solos secos.


Caule cespitoso de Tucum. Bairro Ponta das Canas, Florianópolis.
(Foto: Dilson Vargas Peixoto, 2015)

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Fontes consultadas
http://www.colecionandofrutas.org/bactrissetosa.htm
http://www.arvores.brasil.nom.br/new/palmeiratucum/index.htm
https://sites.google.com/site/florasbs/arecaceae/tucum-1
http://www.boletimmbml.net/pdf/16_01.pdf
http://repositorio.unb.br/handle/10482/12953
http://www.ufrgs.br/fitoecologia/florars
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-33062006000300001&script=sci_arttext

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Jaci-Paraná: o vilarejo desafortunado

Quem já foi a Porto Velho, capital de Rondônia, provavelmente deve ter ouvido falar de Jaci-Paraná, o distrito banhado pelo rio de mesmo nome. A grafia é do lugar é uma questão duvidosa, pois é visto tanto Jaci-Paraná quanto Jacy-Paraná, com ou sem hífen.

Na região de Jaci-Paraná viviam as etnias Karitiana e Karipuna, que ou foram dizimadas ou se mesclaram à população de garimpeiros e caucheiros que se estabeleceram aos poucos durante a primeira metade do século XX. O impulso populacional maior de pessoas culturalmente "europeias" se deu com a construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (EFMM), que ligava Porto Velho a Jaguará-Mirim, na fronteira com a Bolívia.

Estação de Guajará-Mirim em 2011 (foto: Dilson Vargas Peixoto)

A EFMM fazia parte de um acordo entre o Brasil e a Bolívia que, em troca de esta "dar" o território do Acre, o Estado brasileiro construiria uma estrada de ferro para o escoamento da produção/extração boliviana (principalmente borracha) em direção ao oceano e dali para o exterior. Ou seja, os produtos da Bolívia chegavam á fronteira (em Guajará-Mirim), onde eram levadas de trem, juntamente com alguns produtos brasileiros, até Porto Velho. Isso evitava passar pelas corredeiras perigosas do rio Madeira, que impedia a passagem de barcos. Uma vez em Porto Velho, os produtos iam a Manaus e de lá eram exportados.

Corredeiras do rio Madeira em 2011. Notar uma estrutura presa nas rochas. (foto: Dilson Vargas Peixoto)

Como Jaci-Paraná ficava no caminho da estrada de ferro, tornou-se parada quase obrigatória para muitos viajantes e comerciantes, que ali descansavam ou se reabasteciam. E isso dinamizou a região.

Ponte da EFMM em Jaci-Paraná em 2011 (foto: Dilson Vargas Peixoto)

Fim da Era do Trem


Na década de 1960 a EFMM foi desativada em favor da construção de uma rodovia (atuais BR-425 e BR-364). Com isso, aos poucos a ferrovia foi sendo abandonada e suas peças vendidas.
Mesmo sem a ferrovia funcionando, Jaci-Paraná continuou a ser conhecida, seja por estar no caminho a outros distritos de Porto Velho ou por ser passagem a Guajará-Mirim ou Acre. Mas, creio, que a praia de água doce ajudou a manter o distrito conhecido.

O que sobrou da estação férrea de Jaci-Paraná em 2010 (foto Dilson Vargas Peixoto)
O balneário de Jaci-Paraná atraía muitos portovelhenses, que se refrescam nas águas do rio de mesmo nome. Muitas pessoas lotavam a prainha nos verões amazônicos, havendo até mesmo bares e festas nas suas margens.

Tempo das usinas


Durante o início da década de 2010 o distrito de Jaci-Paraná apresentou um grande aumento populacional por conta da construção da Usina Hidroeletrica Jirau no rio Madeira. O distrito tornou-se local de pouso, comércio e festa para muita gente, especialmente trabalhadores, pois era a localidade maior e mais estruturada próxima tanto do canteiro de obras quanto da sede municipal. Foi nesse tempo que conheci Jaci-Paraná.


Distrito de Jaci-Paraná em 2010 (foto: Dilson Vargas Peixoto)

Quando cheguei ao distrito, visivelmente se via que houve um aumento populacional rápido e sem planejamento. A BR-364 cortava o distrito, lixo era visto ao chão e esgoto corria a céu aberto. Os urubus caminhavam tranquilamente entre as casas colhendo os lixos. Além disso, pequenas construções precárias de madeira se erguiam umas ao lado das outras na beira da rodovia: ali era o que chamávamos de "shopping", pois havia muitos artigos para vender (vindos principalmente da Bolívia) e havia muita prostituição.

"Shopping" de Jaci-Paraná em 2011 (Foto: Dilson Vargas Peixoto)

O interessante que, por vezes, cada bar tinha uma música diferente tocando, mesmo sendo um ao lado do outro. E isso num volume alto! Às vezes você não conseguia distinguir os sons devido ao barulho.

No início dos meses o distrito se enchia mais. Os trabalhadores, durante os finais de semana, lotavam Jaci-Paraná atrás de festa (como no famoso Chico Lata), prostituição e compras. Passado o início de mês o distrito "esvaziava", mas mesmo assim continuava a ter uma grande população "não-nativa".

Os muitos estrangeiros e moradores nativos do distrito foram muito amigáveis e simpáticos. Seus olhares curiosos e seu jeito "solto" davam um encanto fenomenal! Apesar disso, as obras na UHE Jirau preocupavam os moradores: o rio Jaci-Paraná iria "ficar maior".

Inundações

Por conta da área de inundação da usina, parte da mata ciliar do rio foi cortada. Era uma mata linda, que ao poucos foi morrendo pela mão humana. Por fim, a aconchegante e bela praia foi substituída por uma praia artificial.


Rio Jaci-Paraná, ponte da BR-364 e ponte da EFMM em 2010, antes da inundação (Dilson Vargas Peixoto)

Depois de 2012 não tive mais contato com Jaci-Paraná, a não ser por notícias. Segundo imagens mostradas pela mídia, a enchente do ano de 2014 alagou parte do distrito. As casas novas construídas para substituírem as antigas (parte das obras de planejamento da UHE Jirau) corriam perigo de serem alagadas também. Nesse vídeo é possível ver o nível que a água do rio chegou.

Vilarejo desafortunado


O cenário de Jaci-Paraná durante as obras da UHE Jirau inspiraram a criação do vilarejo de Ixode na obra "BANDO SEM MARCA". Como o distrito portovelhense, Ixode possuía casas precárias, tinha esgoto a céu aberto e era um forte e bem conhecido centro de prostituição.

Segundo um personagem da obra:

"- Estamos em Ixode, o vilarejo conquistado por nós nessa guerra. (...) Mas prefiro chamar esse lugar de Ãrgã, o prostíbulo". (Bando sem marca, p. 121)

As autoridades de Ixode estavam cientes, apoiavam e até mesmo usavam a prostituição do vilarejo. Isso foi mais um aspecto que se assemelhou a Jaci-Paraná dos anos de 2010 e 2012, onde foi visto policiais fardados entrando nos quartos com jovens, possivelmente menores de idade.

Espero que atualmente o distrito de Jaci-Paraná esteja em melhores condições. Espero que seus moradores, tão simpáticos e agradáveis, estejam bem e felizes. 

Rio Jaci-Paraná em 2010 (foto: Dilson Vargas Peixoto)

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Tempo geológico em Kndarinano - parte I

Assim como no planeta Terra, em Kndarinano também pode ser dividido em um tempo geológico. Não que as mudanças planetárias tenham ocorrido unicamente a nível de rocha (e solo) e continentes. A umidade do ar, taxas de precipitação pluviométrica, temperatura e movimento das grandes massas de ar também tiveram papel importante para caracterizar cada etapa de transformação de Kndarinano.

Como tal divisão foi criada por algumas espécies do mundo Kndarin para elas próprias se orientarem no tempo, muitos acontecimentos planetários que duraram milhões de anos estão incluídos em dois únicos éons. Isso se explica pelos métodos diferentes usados para se estimar o passado muito distante, bem como a forma como adquiriram conhecimento.

Basicamente, do início da criação do planeta Kndarin à história contida no livro Bando sem marca contam-se dois éons e duas eras e sete períodos. Entretanto, alguns afirmam que os acontecimentos após a Guerra do Caos estão inserido em um Oitavo Período.

- Primeiro Éon: Tempo Incontado -


Não é subdividido. Neste éon chamado de Tempo Incontado estão compreendidas a formação do universo, sistema solar e mundo. No planeta Terra corresponderia ao Hadeano e até tempos anteriores.*


- Segundo Éon: Tempo Contado -


Subdividido 3 eras, sendo a última dividida em 7 ou 8 períodos. Comparando com o planeta Terra seria do Arqueano a atualidade (mais ou menos 3,8 milhões de anos).

Primeira Era: Tempo da Origem


Nessa era aparecem as primeiras formas de vida. Uma é gerada no próprio mundo Kndarin, enquanto outra vem do espaço. Essas duas formas se fundem para gerar toda a biodiversidade de Kndarinano. Se comparada ao planeta Terra, essa era corresponderia do Arqueano a mais ou menos o meio do Proterozóico.

Segunda Era: Tempo dos Bastante Antigos


Na Segunda Era as formas de vida já estão se complexificando. Aí, as plantas roxas precederam as plantas verdes ao saírem da água e ocuparem o solo seco. Além disso, concernente à evolução de "vertebrados" (chamados de Portadores de Ossos), duas variações evoluíram de um ancestral comum: os com dez membros (e suas "subvariações" com mais membros) e os com seis membros (e suas "subvariações" com menos membros, especialmente dos tetrápodos).
Corresponderia ao meio do Proterozóico a mais ou menos final do Plioceno.

Nesse tempo evoluíram quarto gigantes, três deles representando cada qual uma ausência. Esses gigantes lutaram pelo domínio territorial do planeta, fazendo o imaterial Kndarin se materializar (ou talvez encarnar) para detê-los. Tais gigantes deram nome a alguns continentes.

Terceira Era: Tempo Das Nossas Espécies


É dividida em 7 ou 9 períodos. Nessa era evoluem muitas espécies atuais, seja por hibridização, especiação por barreira geográfica e população geneticamente restrita, ou apenas "mutação direta" (descendentes nascem muito diferentes dos pais)...


Esta postagem continua na parte II, escrita em breve.

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* Esta é uma comparação com acontecimentos entre dois planetas, e não milhares de anos. A contagem do tempo em Kndarinano é diferente da Terra, visto que ambos os planetas têm tempo de rotação e translação diferentes.

sábado, 2 de maio de 2015

Espíritos ou imateriais?


Nossa definição atual de "seres vivos" é baseada em conjuntos de moléculas que contenham os elementos Carbono, Enxofre, Oxigênio e Nitrogênio, e que produzem uma cadeia metabólica (precisam de nutrição, fazem síntese de proteínas). Essa é a definição (superficial) de vida aceita pela Ciência e por muita gente de pensamento racionalista.

Entretanto, pessoas mais ligadas a outros tipos de conhecimento, como o de crenças e religiões, muitas vezes admitem a existência de outros tipos de seres: seres espirituais.


Definições gerais


Não encontrei uma definição única para espíritos. Para alguns é uma energia, para outros é parte de um ser vivo (sendo muitas vezes sinônimo de alma). Especialmente a Doutrina Espírita atribui esse termo a uma parte vital de um ser vivo. Sem o espírito, o corpo morre. Um espírito sem corpo é descarnado (sem carne).

Segundo essa doutrina, alguns espíritos podem ser errantes, almas penadas que não se deram conta que estão mortas e não encontraram seu lugar no mundo dos espíritos, para depois reencarnar (não será abordada a reencarnação nessa postagem).

Alguns povos "tradicionais", como os Kayapó, atribuem os "espíritos" a energias que podem sair do corpo ou possuir um indivíduo. 

Crenças mais generalistas atribuem espíritos "descarnados", influências energéticas, ações socialmente condenáveis, infortúnios, doenças e até divindades a demônios. Nesses tipos de crenças preconceituosas e manipuladoras há uma generalização absurda de coisas (até mesmo necessidades sexuais básicas) como ações demoníacas.


Fonte: http://exuepombagiranaumbanda.blogspot.com.br/2011/11/livrando-se-dos-encostos.html

Nelas, os demônios são seres do plano espiritual, seres que enganam a humanidade (criando "falsas" religiões e "falsos" deuses) e a leva para o mal, para ser dominada. Interessante é que pessoas que acreditam na infalibilidade de sua religião atribuem influência demoníaca naquilo que sua religião não aceita e, assim, não percebem que elas mesmas são controladas por seus líderes religiosos, verdadeiros seres malignos.
Talvez o sinônimo de demônio para espírito seja devido a tradução (ou tradição) grega, em que o daimónion seria uma divindade inferior. Para alguns monoteístas eles podem ser "anjos caídos".

Ao ler o Antigo Testamento da Bíblica católica (traduzida para o português, obviamente), observei que a palavra "espírito" está associada a ações divinas. Portanto, ao meu ver, o "espírito divino" cristão seria sinônimo de "acontecimento" ou "ação".

Algumas entidades de religiões de origem africana podem ser categorizadas como espíritos, que assumem o corpo de uma pessoa e se manifestam através dela. Exemplos mais característico são o "Exus".

Em questões psicológicas, alguns atribuem manifestações espirituais a fenômenos puramente cerebrais. Exemplo é Freud, que associou possessões demoníacas a sentimentos reprimidos. Além disso, há casos em que sentir (inclui-se ver e ouvir) espíritos é considerado delírio, efeito de alucinógeno ou problema mental.

Apesar de "seres espirituais" estarem presentes na maioria das culturas humanas, considero curioso como a cultura científica na maioria das vezes não leva em consideração a existência desses seres, resumindo a "vida" à puramente materializada.


Outra explicação


O livro Bando sem marca dá uma explicação para os espíritos. Nele, os espíritos são considerados apenas existências imateriais, ou seja, seres vivos formados por outros tipos de energia que não a matéria.

Como a biodiversidade material, a biodiversidade imaterial possui várias espécies de imateriais, sendo alguns parasitas (causando malefícios ao hospedeiro material, o que alguns humanos consideram como possessões ou espíritos obsessores) e outros mutualistas (que causam benefícios a quem ele se associa). Os imateriais são pouco conhecidos, podendo viver em diferentes ambientes, dependendo de suas adaptações.

Alguns têm origem em seres materiais e são chamados de espectros. Os espectros nada mais são do que parte independente da vitalidade (vontade) de um ser, passando a viver como uma existência única. Por esse motivo, alguns espectros possuem características de alguns seres materiais (como pessoas que já morreram), pois são a parte desses seres que adquiriu independência do resto, existindo de outra forma. Portanto, embora os espectros sejam chamados de almas ou espíritos de alguém, eles não são a pessoa morta como um todo, mas uma existência que surgiu a partir dela.

Algumas pessoas vivas podem gerar espectros, mantendo-os em suas casas onde a nova existência "nasceu". Por esse motivo, há residências com a energia pesada e lugares onde se adquirem "encostos", que nada mais são que espectros ou outros imateriais parasitas.

Pega-se um parasita imaterial como se pega um parasita material, ou seja, ter baixa imunidade aumenta as chances de o corpo não ter eficiência na defesa. Então, aumente a auto-estima e fique alegre para ter uma boa imunidade a parasitas imateriais!


Esse espectro na mata/ Tenta assustar para existir/ mas a ninguém ele mata/ eu de ti não vou fugir/ cantamos afastando o medo/ medo do que não se pode ter medo/ temos a coragem como segredo (Bando sem marca, p. 133)


_______________________________
http://www.livrosgospel.net/livrgos/Edir%20macedo-Orixas,Caboclos,e%20guias.pdf
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-93132000000200003&script=sci_arttext&tlng=es
http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/aso/n187/n187a03.pdf
http://repositorio.museu-goeldi.br/jspui/handle/123456789/555
http://periodicos.est.edu.br/index.php/estudos_teologicos/article/viewArticle/597
http://www4.pucsp.br/rever/rv1_2006/p_bessa.pdf
http://www.editoraescuta.com.br/pulsional/163_01.pdf
https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=juWwBxpkwLYC&oi=fnd&pg=PA119&dq=possess%C3%B5es+demoniacas&ots=TCYLH0RTB8&sig=9YDOQqNTbYNVjvjuAacu8Zm7wKM#v=onepage&q=possess%C3%B5es%20demoniacas&f=false
http://repositorio.ipv.pt/handle/10400.19/556
http://www.99freelas.com.br/project/producao-de-texto-de-uma-estoria-dramatica-5210
Aruanda, Pai João de. Magos negros: magia e feitiçaria sob a ótica espírita. [psicografado por Robson Pinheiro. Contagem: Casa dos Espíritos, 2011.
Bíblia

domingo, 12 de abril de 2015

Significado da capa de "Bando sem marca"


Você que já tem ou já viu o livro Bando sem marca deve ter se perguntado qual o significado da pequena imagem na capa.



A imagem representa uma floresta durante o amanhecer. No céu alaranjado voa uma ave. Em primeiro plano estão três silhuetas. A da esquerda representa a raposa-escaladora, uma personagem constante na obra. A silhueta do meio está relacionada a Dja'on, personagem principal. A da direita representa uma criatura da Floresta Grande. O "ponto preto" entre as duas últimas silhuetas mencionadas é a representação de um invertebrado da mata.

Além disso, é possível ver "manchas" lilases (acima das silhuetas) e branca (no chão da floresta). Estas "manchas" representam existências imateriais, seres também presentes e mencionados na obra.

Plantas, arbustos e fungos da serapilheira também são visíveis, ora com formas bem definidas, ora somente com cores em lugares específicos. Por exemplo, a coloração da serapilheira mais esverdeada indica a presença de organismos decompositores.


Toda essa imagem "ecossistêmica" permeia a obra, pois florestas, chuva e seres vivos são constantes na exposição das ideias e no desenrolar das aventuras de Dja'on. Dessa maneira, Bando sem marca mostra a importância de se estar em harmonia com o ambiente onde se vive, cuidando-o, respeitando-o, conhecendo-o e interagindo com ele.

O desenho foi feito com tinta à óleo sobre madeira reutilizada de caixa de transporte de frutas. No livro, a cena dessa pintura está implicitamente entre os capítulos 27 e 28.

terça-feira, 7 de abril de 2015

Você já comeu paineira?


Paineira.

(Foto: http://www.flickriver.com/photos/mauroguanandi/468429419/)

A paineira (Ceiba speciosa), também conhecida como barriguda, árvore-de-paina e paina-de-seda é uma bela árvore nativa do nordeste ao sul do Brasil, bem como algumas regiões da Argentina e Paraguai. Geralmente é encontrada em florestas semidecíduas entre as latitudes 12ºS a 30ºS, apesar de também fazer parte das floresta ombrófila mista e decidual. A espécie está presente naturalmente em parte do Cerrado (como o Cerradão) e grande parte da Mata Atlântica, além de ser cultivada como ornamental em outras partes do mundo (Portugal).


A árvore pode atingir 20 ou 30 metros de altura. Seu tronco robusto geralmente apresenta espinhos grossos, podendo ser ausentes em indivíduos com mais de vinte anos em algumas regiões. Além disso, é esverdeado, apresentando clorofila que ajuda na fotossíntese.


As flores são belas e hermafroditas, de coloração rósea, com o interior branco ou amarelado. Na época de floração, é possível identificar ao longe a planta como uma "árvore cor-de-rosa". Além disso, existe a variedade que dá flores brancas, sendo mais rara.

Flores de paineira.
(Foto: http://toptropicals.com/catalog/uid/chorisia_speciosa.htm)

Os frutos são do tipo capsula. Quando maduros, eles abrem e expõem a paina, fibra semelhante ao algodão. Essa fibra ajuda na dispersão das sementes, que são carregadas pelo vento.

A paina pode ser usada em enchimentos de cobertores ou coletes de natação, já que é um bom isolante térmico. Além disso, pode ser usada na absorção de óleo cru (útil para caso de derramamentos de óleo de pequena escala) e na fiação, quando misturada a outras fibras ou lã.

Frutos da paineira. Os brancos estão abertos apresentando a paina.
(Foto: http://plantearvore.org.br/photo/mudas-nativas-frutos-da-paineira)

As folhas da paineira são compostas e digitadas, parecendo uma "mão de seis dedos", ou uma "estrela de base aberta".

Além de sua beleza, a paineira é comestível. As folhas jovens podem ser ingeridas cruas, refogadas, cozidas ou eensopados. Possuem uma baba (mucilagem) que se assemelha ao quiabo. As folhas são fontes tanto de proteínas quanto de fósforo¹.

Folhas de paineira.
(Foto: http://www.ib.usp.br/labtrop)

Na proposta social que a obra Bando sem marca apresenta, as espécies nativas são essenciais para a manutenção do equilíbrio ambiental local. Portanto, a dieta de uma comunidade é bastante influenciada pela biodiversidade regional, já que nessa sociedade "se come praticamente tudo o que estiver disponível" (Bando sem marca, p. 251)

Assim:
"Os cultivos diferirão de uma região para outra: (...) em florestas serão cultivadas árvores e em campos, gramíneas. A preferência será por espécies que ocorrem na região." (Bando sem marca, p. 232)

Como a paineira possui distribuição natural em uma extensa região da América do Sul, seria vantajoso inseri-la na dieta da população. As vantagens são:

1) Planta rústica, que não precisa de grandes cuidados;
2) Existente em praças e matas, podendo servir de fonte gratuita de nutrientes;
3) Não há necessidade de derrubar florestas para produzir alimento, pois elementos da mata já são o alimento.

Dessa maneira, as plantas poderão ser consumidas por diferentes populações, dependendo onde estão situadas. Por exemplo, as paineiras do meio rural seriam utilizadas pela comunidade local, enquanto que as situadas nos parques de grandes centros urbanos estariam frescas à disposição dos citadinos. Conforme a sociedade proposta no livro:

"As plantações poderão ser longe ou perto das cidades. As situadas perto servirão para alimentar a população sedentária." (Bando sem marca, p. 232)

Abundante, a paineira seria uma ótima maneira de diversificar nossa alimentação. Então, que tal variar seu cardápio acrescentando folhas de paineira na salada?

Outras informações sobre a planta:
FamíliaMalvaceae
Nome científico: Ceiba speciosa (antigamente Chorisia speciosa)
Período de floraçãomarço a abril
Período de frutificação: geralmente entre setembro a outubro

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Fontes consultadas:
http://culturaacademica.com.br/_img/arquivos/10_Plantas_que_atraem_aves_e_outros-bichos_web-TRAVADO.pdf
http://www.bibliotecaflorestal.ufv.br/bitstream/handle/123456789/11446/Revista_Arvore_v32_n4_p781-790_2008.pdf?sequence=1&isAllowed=y
http://www.scielo.br/pdf/rbb/v26n1/v26n1a12
http://pt.wikipedia.org/wiki/Paineira
http://editora.unoesc.edu.br/index.php/acbs/article/view/4994
http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAyJQAK/fibra-paina
https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=3&cad=rja&uact=8&ved=0CCwQFjAC&url=http%3A%2F%2Fwww.revistas.udesc.br%2Findex.php%2Fmodapalavra%2Farticle%2Fview%2F3484%2F2500&ei=4EwkVcOrPMarggTsj4PIBw&usg=AFQjCNFB6I1BXomIaAHDOcXNPrK6yrCzbg&sig2=Vp6Z96sSUo5s4HoOTKJAJQ&bvm=bv.89947451,d.eXY
¹ KINUPP, V. F.; LORENZI, H. Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) no Brasil: guia de identificação, aspectos nutricionais e receitas ilustradas. Instituto Plantarum de Estudos da Flora LTDA: Nova Odessa, 2014.

terça-feira, 31 de março de 2015

Três Marias, Vênus e Constelação das Três

As inspirações para a criação de Kndarinano não se limitaram ao planeta Terra. Os astros também tiveram papel significante para a constituição do "firmamento" do mundo.

Um conjunto de estrelas inspiradoras foram as Três Marias (ou Três Reis). Apesar de parecerem uma do lado da outra, estas estrelas não estão realmente alinhadas (só parecem assim vistas da Terra). Cada uma possui um nome: Mintaka (mais ocidental), Alnilam (a central) e Alnitak.

As Três Marias são parte da Constelação de Órion.


Órion (Orionte)

A três estrelas fazem parte da Constelação de Órion, situado no noroeste (Hemisfério Sul). Essa constelação é composta por diversas estrelas e nebulosas, dentre as quais se destacam Betelgeuse, Rigel, M42, M43 e IC434. Seu nome vem de um personagem grego, Órion, filho de Netuno. Como era um caçador ambicioso, ele decidiu caçar todas as criaturas do mundo, enfurecendo Gaia, que enviou um escorpião para matá-lo.

Como se trata de um mito, obviamente existem outras versões. Numa delas a deusa Artemísia (lua) era enamorada do caçador. Após matá-lo por engano, ela colocou o corpo do amado Órion no céu.

Constelação de Órion

Diversos povos pela Terra possuem lendas relacionadas à constelação de Órion (que obviamente, possui nome diferente para cada cultura).  O interessante é que quase todas as lendas relacionam a constelação a algum personagem humano de grandes proporções.

Por exemplo, entre algumas tribos do tronco linguístico Tupi-Guarani, a constelação de Órion e a de Taurus compõem o que para eles seria a constelação do Homem Velho. Segundo a lenda, um idoso, casado com uma jovem muito mais nova, foi traído pela esposa, que o matou e arrancou sua perna. Compadecidos do pobre velho, alguns deuses o  levaram ao céu e o transformaram em estrelas.

Constelação Homem Velho

O cinturão

Por sua posição no personagem-constelação e por formarem uma linha reta ao serem "ligados os pontos", as Três Marias também recebem o nome de Cinturão de Órion. Além disso, para algumas populações indígenas brasileiras, as três estrelas são a perna sã do Homem Velho. Vejamos um pouco sobre elas:

Mintaka (δ Órionis) - É uma Gigante Azul muito maior que o nosso sol e que brilha 10 vezes mais. É distante da Terra por aproximadamente 690 anos-luz; ou seja, você teria que viajar 229.792.458 m/s durante 690 anos para se aproximar dessa estrela!

Alnilam (ε Órionis) - Também é uma Gigante Azul, estando mais longe da Terra que Mintaka: 1300 anos-luz! Segundo as fontes consultadas (ver abaixo), essa estrela poderá se tornar uma Super Gigante Vermelha e explodir numa Super Nova. Mas não se preocupe, pois isso está previsto para os próximos milhões de anos e provavelmente nossa espécie esteja extinta.

Alnitak (ζ Órionis) - Na realidade ela não é uma única estrela, mas um conjunto de 3 ou 4 estrelas. Uma delas é uma Anã Azul, enquanto outra é uma Gigante Azul. Alnitak está longe da Terra a aproximadamente 736 anos-luz, e é a "estrela" mais fraca do Cinturão de Órion.

Estrelas Alnitak


Constelação das Três

As Três Marias foram a base para a criação da Constelação das Três. Como Órion, a Constelação das Três está posicionada no Oeste do mundo Kndarin. Cada estrela tem uma cor diferente: azul, amarela e vermelha. Para a maioria das culturas de Kndarinano, as estrelas geralmente são denominadas apenas pelas cores: kinz (azul), rolea (amarela) e efa (vermelha).

Entretanto, algumas culturas as homenagearam com o nome de deuses, como as do continente Mŗario, que denominam as estrelas de Anlios, Pongondxon e Folios, respectivamente. No Hemisfério Sul, alguns povos chamam a constelação de "Trisal" (casal de três), representado por uma mulher (estrela rolea) e seus esposos ou esposas.

Kinz - É uma Gigante Azul que dista cerca de 1000 anos-luz de Kndarinano.
Rolea - É um conjunto de oito estrelas distantes a cerca de 701 anos-luz de Kndarinano.
Efa -  É uma Gigante Vermelha que está a cerca de 1078 anos-luz do mundo Kndarin.

No livro Bando sem marca, a Constelação das Três é utilizada para marcar a passagem de tempo:

"- Sabes que irão sozinhos. O povo decidiu partir o mais rápido possível para evitar que os imperiais retornem com reforços.
Kvédik (...) fitou a silhueta da anciã e perguntou:
- Que horas partirão?
- Quando a constelação das três aparecer (...)
- Então, partirão daqui a pouco!" (Bando sem marca, p. 42).



Influência de Vênus

O momento em que a Constelação das Três aparece no céu foi inspirado nos movimentos do planeta Vênus. No céu terráqueo esse astro aparece logo após o pôr-do-sol, no oeste, e antes do nascer-do-sol, no leste. É conhecido também como Estrela D'Alva e Estrela Boiadeira. Além disso, é o terceiro corpo mais brilhante do céu (só perdendo para o sol e a lua).

Vênus é o segundo planeta mais próximo do sol e tem o tamanho aproximado ao da Terra. Ele não tem lua e sua rotação é lenta se comparada ao da Terra: para Vênus completar 1 dia são precisos 243 dias nossos!
Além disso, temperatura venusiana máxima pode alcançar 482 ºC! Mas o mais curioso é que Vênus gira ao contrário da Terra e da maioria dos outros planetas do nosso sistema solar, ou seja, de leste para oeste.

Foto de Vênus tirada em 1974.
Créditos: NASA, Mariner 10, Calvin J. Hamilton.


O nome Vênus vem da deus romana do amor e da beleza, correspondendo à Afrodite grega e Ishtar babilônica. Por aparecer em dois momentos distintos, o planeta era tratado como dois corpos celestes em diferentes povos.

Os egípcios chamavam de Ouaiti a aparição de Vênus ao anoitecer, enquanto que sua aparição matutina era conhecida como Tioumoutiri. Já para os antigos gregos, quando aparecia antes do nascer-do-sol o planeta era conhecido como Phosphoros ("que trás a luz", latinizado com o nome de Lúcifer, o "portador da luz"), e Hesperos ("estrela da noite", de onde deriva a palavra vespertino, de vesper) após o pôr-do-sol.

Os movimentos de Vênus foram importantes para a cultura maias poder sincronizar o calendário religioso (Tzolkim), baseado na Lua, com o calendário agrícola (Haab), guiado pelo Sol. Essa etnia chamava de Noh Ek a aparição matutina, e Xux Ek, a vespertina.

Códice maia de Dresden mostra os movimentos de Vênus.

Atualmente o planeta é associado ao metal, o quinto elemento para algumas culturas orientais. Seu símbolo é o mesmo que o do feminino, talvez devido à conotação de Vênus com aspectos femininos no ocidente.

Sailor Venus, personagem do anime Sailor Moon.
Ao fundo está o símbolo do planeta (e do "ser fêmea") estilizado.


Movimento da Constelação das Três

 No Hemisfério Norte do mundo Kndarin ("acima" da região tropical), a Constelação das Três aparece do início ao fim do verão no sudoeste, após o pôr-do-sol (quando só resta uma faixa de luz solar). No Hemisfério Sul do mesmo mundo, ela aparece no inverno e no mesmo horário, mas na direção noroeste. Já na região equatorial é visível o ano todo, fazendo movimentos de norte a sul de acordo com a inclinação do planeta.

Vistas de Kndarin, as estrelas que compõem a Constelação das Três parecem se mover ao redor de si. Durante as primeiras horas da noite a sequencia delas (de leste a oeste) é a seguinte: kinz-rolea-efa. No meio da noite kinz está posicionada mais a sul e efa mais a norte, permanecendo rolea aparentemente no mesmo lugar. Perto do amanhecer a ordem se inverte, estando efa mais ao leste e kinz mais ao oeste.

Esse movimento foi imprescindível para as estrelas receberem o nome de deuses em algumas regiões de Kndarin (Anlios, a azul; Pongondxon, a amarela; e Folios, a vermelha).

Anlios e Folios eram irmãos que viveram na época da Guerra dos Deuses. Eles tinham um inimigo chamado Pongondxon, que outrora fora seu aliado. O movimento de duas estrelas ao redor da central representariam os irmão cercando o adversário.

Além disso, segundo algumas crenças, efa indicaria onde está o sol. Por isso ela teria a cor vermelha, oriunda do fogo solar.

Devido a seu movimento ao redor da galáxia em que se encontra, o sistema solar de Kndarinano assume uma posição diferente em relação a Constelação das Três. Até mesmo o próprio movimento das estrelas interferem nisso. Portanto, kinz, rolea e efa se desalinham formando um "triângulo". Esse desalinhamento dura 150 anos.

O vídeo abaixo mostra uma prévia do movimento da Constelação das Três:



Sites consultados (e de onde foram tiradas as imagens sem fonte)
http://www2.uol.com.br/sciam/reportagens/mitos_e_estacees_no_ceu_tupi-guarani.htm; http://www.telescopiosnaescola.pro.br/indigenas.pdf; http://astro.if.ufrgs.br/const.htm; http://www.siteastronomia.com/orion-constelacao; http://www.explicatorium.com/Constelacoes/Constelacoes-Orionte.php; http://astro.if.ufrgs.br/const.htm; http://www.caminhosdeluz.org/A-104C.htm; http://chc.cienciahoje.uol.com.br/astronomia-na-oca/; https://cienciasetecnologia.com/cinturao-de-orion-tres-marias/; http://www.ccvalg.pt/astronomia/sistema_solar/venus.htm; http://www.brasilescola.com/geografia/planeta-venus.htm; http://astronomy-universo.blogspot.com.br/2010/04/movimento-retrogrado-de-venus.html; http://pt.wikipedia.org/wiki/V%C3%A9nus_(planeta)#Observa.C3.A7.C3.B5es_terrestres; http://www.suapesquisa.com/pesquisa/calendario_maia.htm; http://www.bibliotecapleyades.net/ciencia/dresden/dresdencodex04.htm; http://www.archaeoastronomie.de/codex/ventaf1.jpg; http://learner.org/courses/globalart/work/190/index.html; http://www.ccvalg.pt/astronomia/sistema_solar/venus.htm; http://legendsofthemultiuniverse.wikia.com/wiki/Sailor_Venus; http://arqueologiasoboutravisao.blogspot.com.br/2011/10/cinturao-de-orion-e-as-piramides.html; https://espacoastronomico.wordpress.com/2014/08/31/constelacoes-orion-o-cacador/
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